Mitos são histórias atemporais que refletem e influenciam nossas vidas - eles exploram nossos desejos, nossos temores, nossos anseios e fornecem narrativas que nos fazem lembrar o que significa ser humano. Em "O conto da deusa", Natsuo Kirino, um dos maiores nomes da literatura policial japonesa, deixa de lado suas tramas urbanas para reimaginar um antigo capítulo da mitologia japonesa, a lenda de Izanagi e Izanami.
Em um lugar como nenhum outro, uma mística em forma de gota de lágrimas, duas irmãs nasceram em uma família de sacerdotisas. Kamikuu é admirada por toda parte por sua beleza sobrenatural, enquanto a pequena e obstinada Namima aprende a viver à sombra de sua irmã.
Em seu sexto aniversário, Kamikuu é escolhida para se tornar o próximo Oráculo da ilha, o mais alto posto entre sua linhagem, servindo então ao reino da luz. Namima, por sua vez, é considerada "impura" e, separada de sua irmã,, é destinada a servir ao reino da escuridão, guiando os espíritos dos mortos para o submundo por toda a eternidade.
Devastada pela rejeição, Namima embarca em uma jornada que a conduz da experiência do primeiro amor às consequências da Traição. Presa em uma elaborada teia de intrigas, ela viaja entre a terra dos vivos e o reino dos mortos, em busca de vingança e desfecho para uma história ancestral.
Gosto das lendas japonesas e a forma como são contadas, muitas de uma forma lenta mas que prende sua atenção. Aqui neste romance por mais que você tente mudar seu destino, acaba fazendo com que ele se torne verdade. Por que duas irmãs são obrigadas a seguirem caminhos tão diferentes? Por causa da tradição? Superstição? Deuses e humanos aqui não são tão diferentes, possuem amor, raiva, desejo de vingança, e um certo inconformismo. A autora reinventa a criação do Japão cruzando a história dos deuses com a das duas irmãs.
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