Se onde está a música está o demônio, como teria dito Mahler, e se Deus, segundo o tenor italiano Marcolini, fez o libreto que Satanás roubou e musicou no inferno, em 'Valsa negra' amor e ódio certamente partilham o mesmo espaço: os corações humanos. É por eles que Patrícia Melo sonda os caminhos do ciúme e da obsessão a partir do conturbado casamento de um maestro bem-sucedido como uma jovem violinista judia.
Aqui a miséria existencial ressoa, dissonante, na capacidade de auto-destruição que habita em todos nós. Sentimento de posse, crueldade habilmente destilada no dia a dia e incompreensão em último grau revelam o que há de mais trágico nas relações - das íntimas e pessoais, como a dos amantes, ao conflito entre povos no Oriente Médio.
Entre conversas sobre judaísmo, ensaios, jantares e o cosmopolitismo de São Paulo, Roma e Tel Aviv, Patrícia Melo expande seu universo narrativo e apresenta ao leitor o mundo da alta cultura, em uma trama sobre o lado mais sombrio do amor.
Um livro tenso. Um personagem doente, cego pelo ciúme e cheio de manias. Tudo isso muito bem escrito pela autora. Gosto dos livros da Patrícia Melo pois se passam em São Paulo (pelo menos os que eu já li). Classificação: bom.
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